África 21 Digital, com agência
O Presidente cabo-verdiano considerou “essencial” a integração económica entre os 15 países e os 300 milhões de consumidores que constituem a comunidade, mas alertou que ela “não poderá ser alcançada se importantíssimos problemas que permanentemente afligem os povos não forem também solucionados”, informa a agência Lusa.
“Não será possível aproveitar totalmente as potencialidades se não for possível resolver os conflitos que persistem. A democratização plena da região é outro importante desafio a que temos de fazer face com determinação”, disse.
Jorge Carlos Fonseca falava na abertura de uma conferência parlamentar para debater a integração de Cabo Verde na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Na iniciativa, organizada pelo parlamento cabo-verdiano, participou também o presidente do parlamento da CEDEAO, Moustapha Cisse Lo, e uma delegação de 34 deputados, que hoje terminam uma semana de atividades descentralizadas daquele parlamento em Cabo Verde.
O chefe de Estado cabo-verdiano entende que “é necessário incentivar a democratização dos Estados da região” e sustenta que “sem democracia a integração e o desenvolvimento ficam comprometidos”.
“Os nossos países necessitam da democracia como do pão para a boca. Temos de ter a ambição de construir países prósperos desenvolvidos e democráticos e de conceder a devida importância à cooperação na esfera de segurança”, disse.
Criada em 1975 pelo Tratado de Lagos, a CEDEAO integra 15 países e tem como objetivo promover a integração económica dos seus membros, entre os quais se conta, desde 1976, Cabo Verde.
Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo são os outros países que integram a comunidade, muitos dos quais são palco de conflitos e instabilidade.
Jorge Carlos Fonseca lembrou também a “tragédia da desesperada emigração clandestina”, considerando que “deverá ser melhor equacionada no quadro do processo de integração regional”.
Aos jornalistas, defendeu que Cabo Verde deve aproveitar o mais possível da sua pertença à CEDEAO, mas sem perder de vista os interesses e “outras ancoragens” do país.
“Somos um arquipélago, temos que integrar-nos, mas essa integração deve ser-nos facilitada através de um olhar mais atento. É difícil integrar-nos se não houver carreiras marítimas e ligações aéreas” que liguem Cabo Verde ao continente africano.
Defendeu, por isso que, os planos de investimento e os projetos da CEDEAO têm que “ter em conta as especificidades e as vulnerabilidades de países pequenos e insulares como Cabo Verde”.
“Temos que ser criativos e vigilantes em relação à defesa dos interesses de Cabo Verde nesse processo de integração, que é importante politicamente, mas também economicamente, e não devemos perder de vista que seremos sempre um país de muitas ancoragens”, disse, dando como exemplo a parceria especial que o Cabo Verde tem com a União Europeia.
Por seu lado, o presidente do parlamento da CEDEAO, Moustapha Cisse Lo, considerou que a integração passa pela “livre circulação de pessoas e bens” e defendeu a criação de uma “zona efetiva de trocas livres”.
“Temos que criar uma união economicamente forte para responder às pessoas” que arriscam as vidas no mar à procura de melhores oportunidades, disse.
Destacando a importância de existir uma “fluidez de ligações” entre Cabo Verde e o Senegal, Moustapha Cisse Lo considerou que, apesar de a livre circulação de pessoas e bens estar consagrada no âmbito da CEDEAO, “existem muitos entraves” à sua concretização.
“Assinamos tratados e protocolos, agora é preciso aplicá-los à letra. É assim que se consegue a integração”, disse.