O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou que os próximos 90 dias serão decisivos para a resolução da crise política no país tendo prometido devolver o poder ao povo se persistir o impasse.
O presidente, que discursava segunda-feira num encontro com um grupo de muçulmanos que o foram cumprimentar no âmbito do final do Ramadão, pediu unidade entre todas as religiões do país, dos titulares dos órgãos de soberania, líderes de partidos políticos e as tribos da Guiné-Bissau, informa a agência ANG.
“Se não conseguirmos chegar a uma solução entre nós, eu, como Presidente da República, devolvo o poder ao seu dono e o dono do poder é o povo. Devolvo o poder ao povo da Guiné-Bissau para escolher quem devem escolher”, disse.
Afirmou que estão no poder porque o povo os escolheu e se há problemas têm de devolver o poder ao povo para que decida sobre ele, acrescentando “não podemos continuar com a situação que temos na nossa terra”.
O Presidente da República esclareceu também que há dinheiro para convocar eleições antecipadas. “Há já uma coisa que vos quero garantir. O facto de não irmos à eleições por não haver dinheiro tem de acabar na Guiné-Bissau. A Guiné-Bissau é um país soberano”, disse.
José Mário Vaz assumiu que tem dinheiro para financiar eleições, salientando que se os guineenses quiserem hoje eleições que chama a Comissão Nacional de Eleições, “porque há dinheiro para ir as eleições”.
José Mário Vaz, vestido de traje muçulmano e ladeado do primeiro-ministro Umaro Sissoco Embalo, do ministro do Estado e do Interior Botche Candé, do titular da pasta da Função Pública Tumane Baldé e do Secretário de Estado do Ordem Pública, Francisco Ndur Djata, salientou a necessidade de haver união devido aos desafios que o país vai enfrentar nos próximos 90 dias, inclusivê com a saída da força de interposição da CEDEAO, a Ecomib, do país em Outubro.
“Cada um de nós deve dar o seu melhor para conseguir defender os desafios que temos pela frente nos próximos 90 dias. Temos o desafio de mostrar que os guineenses são capazes de fazer. Não podemos ser como crianças, quando choramos dão-nos leite e quando choramos dão-nos papa. Somos um Estado soberano e temos de assumir as nossas responsabilidades”, salientou o chefe de Estado.
O chefe de Estado pediu entendimento e que seja encontrada uma solução para o Governo. “Peço entendimento entre os partidos, sobretudo PAIGC, PRS e Grupo dos 15. Se não há entendimento entre eles é impossível o programa do Governo e o Orçamento Geral de Estado serem aprovados”, disse, pedindo o envolvimento de todos.
José Mário Vaz garantiu também estar determinado a ajudar o país e o povo, mas que o único caminho para a Guiné-Bissau ser respeitada e ganhar a sua soberania é com trabalho, pedindo às pessoas para se empenharem mais nos setores agrícolas e pesca.
Em nome dos fiéis muçulmanos Alanso Fati pediu a Deus para que reforce o poder ao José Mário Vaz para melhor conduzir o processo de desenvolvimento da Guiné-Bissau.
Aquele líder religioso elogiou o empenho do chefe de Estado na subida inédita do preço da castanha de caju que atingiu mil francos CFA por quilo na presente campanha.
“Em 2008 a castanha foi comprada até 50 francos CFA por quilo. Este ano, com ajuda de Deus, tudo foi contrário”, referiu.