A propósito do Dia Mundial da Casa de Banho, o Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde revela que quase 28 mil famílias no país não têm instalações sanitárias.
África 21 Digital com Lusa
Cerca de um quarto das famílias cabo-verdianas vivem em casas sem instalações sanitárias, uma realidade que afeta sobretudo as zonas rurais, revelam estatísticas oficiais divulgadas a propósito do Dia Mundial da Casa de Banho, que hoje se assinala.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INECV), em 2016, 80,1% dos agregados familiares tinham sanitas ou retretes no alojamento, enquanto 19,9% ou cerca de 27.996 agregados familiares não dispunham de instalações sanitárias.
Destes, 12,3% localizam-se no meio urbano e 36,3% no meio rural, sendo que as famílias chefiadas por mulheres têm menos acesso a instalações sanitárias do que as chefiadas por homens (20,2% e 19,2%, respetivamente).
Os dados revelam também que 53,6% das sanitas ou retretes estão ligadas a fossas séticas e 26,3% à rede pública de esgoto, havendo ainda 7,1% de famílias que declararam partilhar as instalações sanitárias com outra família.
Existem grandes disparidades entre concelhos, com, por exemplo, o Sal a registar cerca de 92,2% dos agregados com acesso a instalações sanitárias, enquanto em Santa Cruz, na ilha de Santiago, somente 52,4% das famílias têm sanita em casa.
Apesar de 79,8% das famílias terem acesso a um sistema de evacuação das águas residuais, somente 43,1% declarou usar estes dispositivos para evacuar águas sujas do banho, da limpeza, da lavagem de roupa, preferindo despejar essas águas em redor das casas (48,9%), sendo esta prática mais acentuada no meio urbano (87,3%), revelam ainda os dados.
O Dia Mundial da Casa de Banho assinala-se este ano sob o tema “Saneamento e Águas Residuais”, visando sensibilizar para a necessidade de reduzir as águas residuais não tratadas e de aumentar a sua reciclagem e reutilização seguras.
Atividades educativas programadas
Para sensibilizar para a importância do saneamento e do tratamento adequado das águas residuais e dos excrementos, a Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS) de Cabo Verde promove uma série de atividades educativas destinadas ao público escolar e às comunidades dos 22 concelhos do país.
A ideia é, segundo a ANAS, “chamar a atenção para a dignidade e segurança das pessoas que ainda não dispõem de casa de banho e para a necessidade de haver maior financiamento destinado à construção de casas de banho, sobretudo para as famílias mais vulneráveis e escolas”.
Passeios de alerta para observar, identificar, discutir e propor soluções para a defecação ao ar livre, teatro educativo e exposição de fotografias sobre o tema, são algumas das atividades a serem realizadas em alguns municípios do país.
O Dia Mundial da Casa de Banho foi instituído em 2013 pelas Nações Unidas para destacar importância de saneamento adequado e defender o direito ao saneamento como condição para erradicar a pobreza.
Em todo o mundo, há 4,5 mil milhões de pessoas vivem sem acesso a uma casa de banho.
Um estudo da ONU, divulgado em junho passado, revela que a população global atual é de 7,6 mil milhões de habitantes e deve subir para 8,6 mil milhões em 2030.