O gabinete de estudos económicos do Standard Bank considera que a economia de Moçambique deverá crescer 3,5% este ano e 3,9% em 2019, estando dependente dos investimentos estrangeiros nos recursos naturais para acelerar o crescimento.
África 21 Digital com agências
Os analistas do banco avaliam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vai continuar baixo até ao próximo “boom” em investimento direto estrangeiro, que deverá estar associado com o desenvolvimento dos projetos do gás.
No documento enviado aos investidores , os analistas esperam um crescimento de 3,5% este ano e de 3,9% em 2019, depois de no ano passado Moçambique ter atingido o ponto mais baixo da crise, com uma expansão de 3,2% da sua economia, informa a Lusa.
Os peritos do Standard Bank escrevem ainda que a economia foi fortemente atingida com as revelações, em Abril de 2016, de empréstimos escondidos, que forçaram a adoção de uma política monetária mais restritiva e medidas de consolidação orçamental para ajudar a restaurar a estabilidade macroeconómica, conduzindo o crescimento e a procura para níveis historicamente baixos.
Segundo os analistas, apesar da descida da inflação e do declínio das taxas de juro, não esperam que o crescimento do PIB volte à média de 7% ao ano registada antes de 2016.
A dívida de dois mil milhões de dólares num episódio conhecido como escândalo da dívida oculta foi contraída em 2013 e 2014, durante a presidência de Armando Guebuza, por três empresas públicas detidas pelo Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE) a Ematum, supostamente dedicada a uma frota de pesca, a Proindicus, de segurança e vigilância marítima, e a MAM, ligada à manutenção naval.
Uma auditoria da consultora internacional Kroll pedida pela PGR e divulgada em Junho do ano passado descreve as firmas como uma fachada, sem planos de gestão credíveis, e implica vários detentores de cargos públicos em todo o processo, sem os nomear.
A Kroll queixa-se ainda de lhe ter sido negado acesso a informação relevante para perceber para onde foi o dinheiro, sob justificação de ser material sensível relativo à segurança do Estado.
Este caso levou ao corte do financiamento externo por parte do FMI e dos doadores internacionais e a uma descida dos “ratings” atribuídos ao país, no seguimento do incumprimento financeiro do Estado sobre a emissão de dívida soberana e sobre os empréstimos destas empresas. Angop/Lusa