O presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, deu hoje (26) posse ao novo Governo, lembrando que a “confiança” em si depositada deve ser encarada como “uma missão de trabalho e de resultados concretos”.
José Mário Vaz, presidente da Guiné-Bissau
“A governação é a prestação de serviço público. Ser nomeado membro do Governo deve deixar ser considerado um privilégio, ou um lugar de conforto e visibilidade, para ser encarado como uma missão patriótica de servir o nosso povo e dar mais do que receber”, afirmou.
O presidente, que discursava durante a cerimónia de tomada de posse do novo Governo, sublinhou que o primeiro-ministro e toda a equipa governamental têm como “principal missão a criação de condições para a realização de eleições legislativas justas e transparentes”.
Além das eleições legislativas, o presidente disse que o executivo tem de ser “realista” e também melhorar as condições de vida dos guineenses, nomeadamente garantir luz eléctrica, educação, saúde, trabalhar para o sucesso da campanha de caju, principal produto de exportação do país, e aumentar a produção de arroz, base alimentar das populações.
“É importante manter o rigor, a disciplina e o estado saudável da nossa economia, de modo a preservar os ganhos conquistados na gestão das nossas finanças públicas”, disse.
Respondendo a este repto, o primeiro-ministro, Aristides Gomes, garantiu que vai cumprir de forma escrupulosa o Acordo de Conacri e realizar as eleições legislativas a 18 de Novembro.
Relativamente à estabilização política do país, criticou o clientelismo político existente e prometeu uma maior regulação do Estado, salientando que a crise política deixou todos mais pobres.
“Estamos mais pobres e as formas de estruturação das instituições estatais obedecem, cada vez menos, à racionalidade própria de um Estado”, afirmou Aristides Gomes, referindo que o processo de estruturação das instituições está a adquirir “dimensões sombrias”.
“A prática política torna-se cada vez mais uma luta do quotidiano para o acesso de indivíduos a postos que dão acesso imediato a bens materiais para fins de satisfação pessoal ou de grupos”, salientou.
“Vamos elaborar um programa de estabilização e consolidação das conquistas nas diferentes áreas da vida do nosso país, particularmente nos domínios da Educação, Saúde, incitação à economia, através da produção e fornecimento de energia e água, para que o país possa fazer face ao período eleitoral que se avizinha”, disse.
O chefe do executivo disse que quer também reforçar a regulação do Estado, incluindo clarificar os pontos mais polémicos da Constituição, da lei dos partidos políticos e da lei eleitoral e manter uma gestão disciplinada das finanças públicas com o apoio do Fundo Monetário Internacional.
O novo Governo foi nomeado na quarta-feira, ao final do dia, depois de intensas negociações com a presença de uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Angop