Redes Sociais:
HomeNotíciaEconomia & NegóciosAcordo com FMI melhora contas da Guiné Equatorial mas diversificação será lenta

Acordo com FMI melhora contas da Guiné Equatorial mas diversificação será lenta

Partilha

Analistas consideram que “o progresso para o objetivo da diversificação económica vai ser, no entanto, muito menos rápido” do que na vertente orçamental, segundo a Economist.


África 21 Digital com Lusa


Foto: VOA/Arquivo

A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que o programa de apoio técnico do FMI à Guiné Equatorial vai levar a melhorias rápidas nas contas públicas, mas será mais lento a avançar no objetivo da diversificação económica.

“Esperamos progressos na frente orçamental, dado que o aperto nas contas públicas é gerado pela necessidade”, escreveram os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist.

Num comentário enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, sobre o acordo de apoio técnico entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Governo equatoguineense, lê-se que os analistas consideram que “o progresso para o objetivo da diversificação económica vai ser, no entanto, muito menos rápido” do que na vertente orçamental.

“Os trabalhos vão bastante avançados”, salienta a EIU, notando que o acordo de apoio técnico – sem envolver para já uma componente financeira – “reflete a severidade das pressões sobre a balança de pagamentos, que surgem devido ao declínio da produção petrolífera e aos gastos avultados financiados com dívida entre 2013 e 2016”.

O acordo, negociado no ano passado, marcou “uma certa mudança para o Governo, que tinha até então procurado evitar os condicionalismos que surgem com o financiamento multilateral”.

A diversificação económica, fundamental para a Guiné Equatorial preparar as bases para sair da recessão que enfrenta há vários anos, será lenta e “a contínua influência dos interesses escondidos vai truncar os progressos que, a acontecerem, partirão de uma base excecionalmente baixa”, escrevem os analistas da Economist.

O FMI aprovou um programa de apoio técnico ao Governo da Guiné Equatorial para relançar o crescimento económico e melhorar a governação e a transparência na administração pública e no setor petrolífero.

“A diretora executiva do FMI aprovou um programa monitorizado pela equipa para a República da Guiné Equatorial, que vai ajudar a construir um histórico adequado de desempenho para um potencial programa apoiado pelo Fundo”, lê-se num comunicado divulgado esta semana pelo FMI, que salienta que este programa não necessita da aprovação do conselho de administração do Fundo.

No documento, acrescenta-se que “o programa visa reduzir ainda mais o défice orçamental, aumentar as receitas não petrolíferas e lidar com importantes fraquezas na gestão pública, ao mesmo tempo que garante as despesas sociais”.

O programa, que foi aprovado em maio e agora divulgado, reporta-se ao período entre janeiro e julho, e “pretende lançar as bases para melhorar a governação e a transparência na administração pública e no setor dos hidrocarbonetos”.

A Guiné Equatorial beneficiou de um crescimento significativo entre os anos 1990 e o princípio da década passada, “quando começou a produzir petróleo”, o que levou o rendimento per capita de um dos países mais pobres do mundo para níveis da classe média alta, lembra o FMI, notando, no entanto, que “este processo foi acompanhado de um aumento da dependência do petróleo, que vale 90% das receitas e das exportações” deste país que é o mais recente membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Durante estes anos de forte expansão económica, o país conseguiu criar algumas almofadas orçamentais, “incluindo substanciais depósitos do Governo, e a dívida pública interna e externa permaneceu muito baixa”, lembra o FMI, vincando, no entanto, que estas reservas não foram suficientes para aplacar o choque decorrente da queda do petróleo, no verão de 2014.

Mercado atingido pelos preços do petróleo

“Em 2014, como outros países da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC), a Guiné Equatorial foi fortemente atingida pelos preços do petróleo e desde então a recuperação dos preços foi compensada por um declínio na produção de hidrocarbonetos, que atingiu o seu pico em 2008”, acrescentam os técnicos.

O resultado foi uma recessão que dura há vários anos, e que aprofundou as fraquezas no ambiente de negócios e nos constrangimentos ao financiamento, mas em 2017 os desequilíbrios macroeconómicos “melhoraram consideravelmente e o ritmo da contração económica abrandou”.

“Impulsionada por uma larga redução nas despesas de capital e pelo aumento dos preços do petróleo, a situação orçamental melhorou bastante em 2017, com o défice a melhorar para 3% do PIB [Produto Interno Bruto], enquanto o PIB real deve ter caído 3%, devido ao continuado declínio na produção de petróleo, mas o PIB não petrolífero já deve ter crescido pela primeira vez desde 2013”, acrescentam os economistas do FMI.

Entre as prioridades que o país deve seguir e que o apoio dos técnicos do FMI deve facilitar estão “o fortalecimento das finanças públicas, a reconstrução das almofadas macroeconómicas e a melhoria das perspetivas de crescimento económico”, conclui o Fundo.


Partilha
Escrito por: África 21 Digital

Nenhum comentário

Desculpe, o formulário de comentários está fechado neste momento.

África 21 Digital