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São Tomé e Príncipe quase sem reservas de divisas para importações

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O primeiro-ministro são-tomense disse que as reservas internacionais do país não chegam para cobrir três meses de importações e anunciou a abertura, para breve, de um concurso externo para auditar as contas do Estado nos últimos quatro anos.


África 21 Digital com Lusa


“As reservas líquidas neste momento, em termos de divisas, estão abaixo de três meses de importação, o que é de certo modo inquietante”, disse o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas, sublinhando que “a inflação está a subir e pode ultrapassar os sete por cento”, cenário “que agrava” a situação do país.

Jorge Bom Jesus, que assumiu o cargo na sequência das eleições legislativas de outubro, lamentou a situação macroeconómica do país, recordando que, por diversas vezes, este ano, missões do Fundo Monetário Internacional (FMI) fizeram a avaliação das contas do Estado e garantiram a sua normalidade.

Defendeu, por isso a contratação, nos próximos três meses, de auditores externos para apurar o real estado das finanças do país.

“As auditorias, os inquéritos, vão ser feitas ao nível interno, mas nós também estamos a formalizar a abertura de concurso para a auditoria externa, que são muito mais credíveis e mais abrangentes. Estamos em sintonia com o Presidente da República, que também exigiu essas auditorias, e com o parlamento, e eu acredito que em menos de 90 dias teremos o resultado do estado da Nação”, explicou o governante.

Jorge Bom Jesus garantiu que o governo vai assegurar o pagamento do 13.º mês aos funcionários públicos, apesar da grave crise financeira que o país atravessa.

“Não encontramos verbas para o pagamento de salário, nos últimos meses recorreu-se ao crédito bancário para esse efeito, nós não fomos por essa via, mas o problema está praticamente resolvido”, garantiu Jorge Bom Jesus.

“Estamos a falar na ordem de cerca de quatro milhões de dólares, porque além dos salários nós temos o tradicional 13.º e este mês de dezembro era legítimo que cada um tivesse os seus salários e passassem a quadra festiva com algum alento, preparando-se para o novo ano que nos espera”, acrescentou o primeiro-ministro.

Para inverter a situação de crise financeira em que o país está mergulhado, o governo conta com o apoio dos parceiros de cooperação bilateral e multilateral, nomeadamente Angola,  China, União Europeia, Guiné Equatorial e Portugal.

“Nós temos que trabalhar no sentido de, no próximo programa, sanearmos as finanças públicas no sentido de tanto os investidores externos e o nosso tecido empresarial e a própria banca possam trabalhar num clima de maior estabilidade económica e financeira e num ambiente de negócios muito mais seguro”, disse o chefe do executivo.

Na suas primeiras declarações aos jornalistas depois de assumir funções, o primeiro-ministro garantiu que até finais deste mês vai entregar o programa do Governo ao parlamento e “logo a seguir” a proposta de Orçamento Geral do Estado para 2019.

Jorge Bom Jesus destacou a dignificação da Justiça e a garantia das liberdades individuais, a infraestruturação e crescimento económico, a dignificação do população, investindo no capital humano e melhorando os serviços sociais, bem como a atração de capital estrangeiro direto como principais eixos do programa do Governo.

O partido Ação Democrática Independente (ADI) venceu as eleições de 07 de outubro com maioria simples de 25 dos 55 deputados da Assembleia Nacional (parlamento), mas quem formou o governo foi o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e da coligação PCD-UDD-MDFM, na sequência de um acordo pós-eleitoral assinado entre as duas forças e que garantiu maioria absoluta (28 em 55 deputados na Assembleia Nacional).

O ADI, partido então no poder, venceu as eleições com maioria simples (25 deputados), mas o Presidente da República, Evaristo Carvalho, convidou a segunda força mais votada a formar Governo, justificando a decisão com “a atual correlação de forças” no parlamento e “os superiores interesses” do país.

O líder do ADI e primeiro-ministro (2014-2018), Patrice Trovoada, abandonou o país ainda antes dos resultados oficiais do escrutínio serem publicados pelo Tribunal Constitucional e anunciou o seu afastamento do partido por um período de dois anos.


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Escrito por: África 21 Digital

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