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Cônsul de Angola em Lisboa apela à comunidade angolana para evitar “arruaças”

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O cônsul-geral de Angola em Lisboa pediu à comunidade angolana que respeite as leis portuguesas e, particularmente aos jovens, para evitarem “arruaças”, apelo que acontece após os recentes distúrbios no bairro da Jamaica, no Seixal, região metropolitana de Lisboa.


África 21 Digital com Lusa


Foto: Turismo de Portugal

“Temos uma relação com Portugal a que não podemos fugir e, como angolanos que estamos num país alheio, temos de ter um comportamento que não venha beliscar a nossa imagem. Temos de respeitar as leis do país de acolhimento, ter uma atitude que dignifica a nossa imagem como angolanos”, disse Narciso Espírito Santo.

O representante de Angola falava hoje, em Lisboa, durante um encontro com cerca de três dezenas de representantes de associações e organizações eclesiásticas da comunidade angolana.

O caso das recentes agressões policiais a uma família angolana no Bairro da Jamaica, no Seixal, não constava da ordem de trabalhos da reunião, que estava marcada desde 16 de janeiro, mas acabou por ocupar a parte inicial do encontro.

Narciso Espírito Santo admitiu que o vídeo das agressões lhe “caiu mal”, mas apelou para a “reflexão” sobre o que não se vê nas imagens divulgadas nas redes sociais.

“O foco foi só nas imagens que vimos, mas antes das imagens o que é que aconteceu? São situações para reflexão”, disse.

O cônsul adiantou que nos acontecimentos dos dias seguintes houve aproveitamento por parte “de pessoas de má-fé” que acabaram por deixar mal a comunidade angolana.

“Tirando o que aconteceu no primeiro dia, nos outros atos que se seguiram penso que nenhum angolano está envolvido”, reforçou, defendendo a necessidade de acautelar este tipo de situações no futuro.

Nesse sentido, o cônsul pediu a colaboração dos líderes associativos e religiosos para fazer “um trabalho de sensibilização da comunidade” para que tenha “uma postura digna e que dignifique a imagem de Angola”.

“Vão ter de pedir à nossa comunidade, principalmente aos jovens, para terem um pouco de calma. É preciso muita calma, ponderação. Se há problemas têm de se resolver dentro dos parâmetros legais, nada de estar a fazer arruaças”, reforçou.

Narciso Espírito Santo lembrou que as relações entre Angola e Portugal já passaram “um período crítico” e que o “ambiente salutar e de irmandade” que está a ser criado agora beneficiará os povos dos dois países.

Presente no encontro, Carlos Gonçalves, secretário-geral da AMANGOLA – Portugal, recordou, por seu lado, que a organização acompanha casos como o do bairro da Jamaica há 20 anos.

“A atitude da polícia e este tipo de incidências na margem sul não são novas. Esta teve maior exposição por causa do fomento das redes sociais”, disse à agência Lusa.

Assinalou, por outro lado, o sentimento de “profunda indignação” que a situação causou na comunidade “face à desproporção da carga policial diante de pessoas desarmadas”.

Carlos Gonçalves afirmou, por outro lado, confiar “na capacidade da justiça de analisar e interpretar os factos à luz da lei sem que deixem de ser punidos os principais responsáveis”.

Para o dirigente associativo, tratou-se de “uma circunstância específica que tem mais a ver com uma ação e uma reação do que com aspetos relacionados com racismo e xenofobia”.

Quatro pessoas foram detidas na segunda-feira, no centro de Lisboa, na sequência do apedrejamento de elementos da PSP por participantes numa manifestação em frente ao Ministério da Administração Interna

Este protesto realizou-se um dia depois de incidentes em Vale de Chícharos, conhecido por bairro da Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal, entre a PSP e moradores e dos quais resultaram feridos cinco civis e um polícia, sem gravidade, tendo sido detida uma pessoa, entretanto libertada.

Desde então, e ao longo de toda a semana têm-se registado em vários concelhos dos distritos de Lisboa e Setúbal incidentes com ataques a esquadras, carros incendiados e caixotes do lixo queimados.

A polícia não estabelece uma relação entre os incidentes registados no centro de Lisboa e nas restantes zonas.

O Ministério Público abriu um inquérito aos incidentes no bairro da Jamaica e a PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”.


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Escrito por: África 21 Digital

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