Angola e o Congo analisaram, em Brazzaville, questões relacionadas com o reforço da cooperação petrolífera entre os dois países, sobretudo a exploração de petróleo na zona conjunta de Lianzi.
A análise do reforço da cooperação no domínio petrolífero foi feita durante uma audiência que o ministro dos Hidrocarbonetos da República do Congo, Jean Marc Thystere Tchicaya, concedeu terça-feira (19) ao embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Angola no Congo, Vicente Muanda.
Vicente Muanda analisou com o governante congolês o estado da Comissão de Unitização de Lianzi, compartilhada entre Angola e a República do Congo, através do órgão inter-estatal constituído por quadros dos dois países, que desenvolve o processo de exploração de petróleo e gás na fronteira marítima comum.
Ambos admitiram ser um “acordo exemplar”, com o engajamento pessoal dos chefes de Estado, pela forma como os dois países partilham o recurso petrolífero na zona transfronteiriça de Lianzi (Blocos 14, Angola e, Alto Mar – Congo Brazzaville), segundo uma nota de imprensa da embaixada de Angola no Congo.
O diplomata angolano informou também ao ministro dos Hidrocarbonetos da República do Congo, que desde o ano de 2017, altura em que o Presidente da República, João Lourenço, assumiu o poder, iniciou-se uma série de reformas no sector petrolífero, com destaque para as novas leis do segmento do petróleo e gás.
A lei sobre o desenvolvimento de novos campos para atrair mais investimentos, a reestruturação da Sonangol, que deixa de exercer o papel de concessionária e a privatização da grande parte das suas participadas, constam igualmente das reformas em curso.
O ministro dos Hidrocarbonetos do Congo reconheceu a posição de Angola no contexto da exploração petrolífera na África Subsaariana, tendo acrescentado que apesar da crise que se vive com a queda do preço do petróleo, os países da OPEP estão a trabalhar na estabilidade do sector.
O governante congolês falou da necessidade do aumento da troca de experiência entre técnicos do sector de petróleos de Angola e Congo e na formação de quadros do sector.
A produção no campo de Lianzi resulta de um acordo assinado entre Angola e o Congo em 2002, com o objectivo de uma exploração conjunta das estruturas geológicas transfronteiriças no Bloco 14 (Angola) e Alto Mar (Congo).
O campo descoberto em 2004 inclui um sistema de produção sob o fundo do mar e um sistema de linha de fluxo com 27 milhas (43 km) e eletricamente aquecido sendo o primeiro do seu género a esta profundidade.
O Projecto da Comissão de Unitização (Blocos 14, Angola e, Haute Mer – Congo Brazzaville) tem uma produção estimada em 36 mil barris de petróleo/dia, repartida em 50 por cento para cada país.
Os ministros dos Petróleos de Angola e dos Hidrocarbonetos do Congo, os presidentes dos conselhos de administração da Sonangol e da Empresa Nacional dos Petróleos do Congo SNPC são membros desse órgão inter-Estatal de Gestão, que tem uma presidência rotativa com a duração de um ano.
A estrutura técnica é constituída por quadros dos dois países e cuja coordenação também é rotativa e com a duração de um ano. Existe ainda um secretariado executivo baseado em Ponta Negra, no Congo.
O ministro dos Hidrocarbonetos do Congo, Jean Marc Thystere Tchicaya, assumiu a presidência em exercício da Comissão de Unitização de Lianzi, por um período de um ano, aquando da 30ª reunião do órgão inter-estatal, ocorrida a 02 de Agosto de 2018, em Brazzaville.