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Guiné Equatorial: Líder opositor detido e sede do partido desocupada

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O líder do Ciudadanos por la Inovación (CI), um partido ilegalizado em 2018 na Guiné Equatorial, foi detido  quinta-feira (29), assim como dezenas de apoiantes que se encontravam nas instalações do partido em Malabo, noticiou a televisão equato-guineense. A Guiné Equatorial, país membro da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), é governada pelo ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo desde 1979.


África 21 Digital com Lusa


Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ditador da Guiné Equatorial desde 1979


Num vídeo divulgado pela televisão pública, TVGE, é possível ver Gabriel Nse Obiang Obono, o líder da CI, detido com as mãos presas por detrás das costas e praticamente despido, no exterior da sede do partido, ao lado de dezenas de pessoas sentadas no chão, rodeadas por elementos das forças de intervenção e população. A reportagem da TVGE mostra largas dezenas de apoiantes a serem conduzidos para fora das instalações do partido ilegalizado em fevereiro de 2018.

De acordo com a TVGE, na operação de detenção e desalojamento dos apoiantes da CI do seu edifício sede foi morto um elemento da polícia e vários outros membros da polícia foram feridos. A reportagem não dá conta de mortos ou feridos entre os apoiantes do CI.

Nse Obiang foi intimado a comparecer junto do Ministério Público equato-guineense no passado dia 21, para ser inquirido no âmbito de um processo relativo à alegada tentativa de incendiar estações de combustível em duas localidades, “agredir a sangue frio membros do Governo” e atentar contra “embaixadas no país”, de acordo com a TVGE.

O líder do CI ter-se-á recusado a comparecer por temer pela sua segurança, tendo enviado o seu advogado, de acordo com um comunicado enviado à Lusa.

A TVGE entrevistou esta quarta-feira o Procurador-Geral da República do país, Anatolio Nzang Nguema, que esclareceu, sem nunca citar Gabriel Nse Obiang, estar em causa a recusa do líder da CI comparecer para prestar declarações, por crime de “desacato da autoridade”, sublinhando que a lei do país determina a possibilidade de ser dada uma “ordem de detenção”.

A operação de detenção foi conduzida pessoalmente pelo ministro da Segurança Nacional, Nicolás Obama Nchama, que a TVGE mostra no terreno e em cuja viatura o próprio Gabriel Nse Obiang terá sido levado, segundo o testemunho de um ativista à Lusa, sob condição de anonimato. Alejandro Bacale Ncog, ministro equato-guineense da Defesa, também terá estado na operação de detenção, segundo a TVGE.

Gabriel Nse Obiang manifestou várias vezes o receio de ser detido e morto em mensagens enviadas à Lusa nos últimos dias. Um comunicado do CI divulgado no passado dia 21 denunciou também um alegado “plano perigoso do regime [do Presidente] Teodoro Obiang Nguema Mbasogo” por detrás da citação do Ministério Público para prestar declarações.

De acordo com a Comissão Equato-guineense de Juristas (CEJ), uma organização ativista de defesa dos direitos humanos na Guiné Equatorial, as últimas semanas no país têm sido marcadas por detenções de um número não determinado de jovens e de, pelo menos, seis ativistas.

“Pelo menos, há seis ativistas detidos, a quem estamos a tentar prestar ajuda”, disse à Lusa um jurista da CEJ.

“O último foi Anacleto Micha, defensor dos direitos humanos, detido arbitrariamente esta semana. Mas há ainda o caso de um partido político da oposição, ilegalizado em 2018, que está a ser acusado de uma alegada tentativa de atentar contra estações de combustíveis em Bata e Malabo. Enfim, tudo isto está relacionado com as eleições, esperamos que as coisas não fiquem pior”, afirmou a mesma fonte.

As eleições locais, legislativas e presidenciais na Guiné Equatorial estão agendadas para o próximo dia 20 de novembro. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, no poder deste 1979, ao qual acedeu através de um golpe de Estado, volta a candidatar-se à Presidência do país.


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