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“O último escândalo do Império”, por Pepetela

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"O incómodo passará com uma injeção ou picada fatal, pois nestes casos convém não deixar pistas a descoberto", escreve Pepetela.

Revista África21

"O último escândalo do Império", por Pepetela

"O incómodo passará com uma injeção ou picada fatal, pois nestes casos convém não deixar pistas a descoberto", escreve Pepetela.

Brasília – Fico fascinado pelo ar de inocência e indignação que prolifera nos governos e órgãos de informação quando se descobre, de forma insofismável, aquilo que toda a gente sempre soube ou pelo menos suspeitou: que estamos a ser globalmente espionados. Pouco importa o pretexto, tráfico de droga, terrorismo, lavagem de dinheiro, imigração clandestina, negócios de jogo, mafias, etc. A verdade é que certas polícias nos olham sempre como criminosos encobertos, nunca como inocentes até ver.

Já dizia o velho Orwell no seu «1984» que tínhamos todos um Big Brother a vigiar os passos, até mesmo os mais pequenos. No entanto, dado o contexto da época em que saiu o livro, todos acharam que ele se referia apenas ao totalitarismo soviético e sus muchachos.

Pois é, esqueciam os «bons» espiões, os do Ocidente (ocidente para alguns, pois qualquer ocidente é oriente para alguém, ideia de Hegel tão esquecida). Os do Ocidente não eram de facto espiões, eram cavalheiros impolutos, cowboys decididos a arriscar a vida para defender a liberdade dos povos (se entretanto eliminavam pela calada uns quantos ou se semeavam de microfones um edifício, era sempre pela boa causa e acontecem danos colaterais ao se defender uma boa causa).

Como aprendemos na vida, embora se afirme sempre o contrário no discurso politicamente correto, os fins justificam mesmo os meios, se tratando de poder, qualquer que seja, mesmo o do porteiro de uma discoteca. Pois é, os «bons» do Ocidente, que andam sempre à caça dos «maus» do Sul ou do Leste, agora foram apanhados com a mão na massa. E pouco importa se são dirigidos e defendidos por um Prémio Nobel da Paz, recebido antes mesmo de terminar qualquer guerra. Aliás, até hoje sempre desconseguiu.

Os caíngas mascarados serão sempre «bons rapazes», pois são os agentes do Império.

Leia versão integral na edição impressa da revista África21 (N.º 77, agosto 2013). Para assinar a revista contacte: [email protected]


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Escrito por: África 21 Digital

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