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Dezenas protestam em Maputo contra atentados à liberdade de expressão

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Jornalistas e representantes da sociedade civil exigem esclarecimentos sobre raptos, agressões e assassínios de vozes críticas em Moçambique.


África 21 Digital com Lusa


Dezenas de pessoas, entre representantes da sociedade civil e jornalistas, reuniram-se esta sexta-feira na sede do Sindicato Nacional de Jornalismo (SNJ) em Maputo para exigir o esclarecimento dos raptos, agressões e assassínios de vozes críticas em Moçambique.

Trajando camisas brancas e empunhando cartazes com mensagens de repúdio à violência contra a liberdade de pensamento, os participantes começaram a reunir-se no pátio da sede do SNJ por volta das 09:00 (08:00 em Lisboa).

Ao som do ‘rapper’ de intervenção social Azagaia, os participantes recitaram poemas e entoaram hinos, exigindo o fim da onda ataques contra “o pensamento livre” em Moçambique.

“As mordaças que nos querem colocar não vão perpetuar. Porquê que é que não se encontram os responsáveis por estes ataques?”, questionou durante a sua intervenção Nzira de Deus, diretora da organização não-governamental Fórum Mulher.

O último ato de violência relacionado com o exercício da liberdade de imprensa atingiu o jornalista e comentador do programa televisivo “Pontos de Vista”, Ericino de Salema, raptado e agredido por desconhecidos no passado dia 27 de março.

Salema foi raptado por desconhecidos, de dia, no centro de Maputo, à saída do Sindicato Nacional dos Jornalistas, e levado para a estrada circular da capital, cerca de oito quilómetros do local do rapto, encontrado por populares, algumas horas, depois com sinais de agressões nos pés e no braço esquerdo.

Violência

Além de Salema, em 2016, José Macuane, politólogo e comentador do mesmo programa, foi raptado, baleado nas pernas e a abandonado no mesmo lugar que foi encontrado Ericino de Salema.

Na sequência do último rapto, as organizações da sociedade civil submeteram uma petição à Assembleia da República, exigindo que se convoque o ministro do Interior, Jaime Basílio Monteiro, para partilhar informações sobre o andamento das investigações dos casos registados deste tipo nos últimos anos.

Para Alda Salomão, membro da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, o envolvimento de todos os moçambicanos na revindicação é fundamental para a mudança de paradigma, na medida em que esta é uma “luta de todo povo”.

“É muito fácil exigir ação de terceiros, mas para exigir de terceiros temos que garantir que nós próprios façamos a nossa parte”, declarou Alda Salomão.

O jornalista moçambicano Coutinho Fernando, por sua vez, entende que “a inexistência de proteção daqueles que se expressam em Moçambique é um golpe fatal à liberdade de expressão” e é necessário que se ganhe a consciência que se está perante um direito humano.

“Temos que continuar a desincentivar atos que atentam contra à liberdade. Este é um trabalho de todos nós”, concluiu o jornalista.


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Escrito por: África 21 Digital

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