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Bolsonaro não gostou de dados sobre desmatamento na Amazônia e mandou exonerar presidente do INPE

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O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações brasileiro, o tenente -coronel da Força Aérea Marcos Pontes, exonerou o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. O anúncio foi feito pelo próprio Galvão, em declaração a jornalistas, e posteriormente confirmado pelo ministério.

África 21 Digital com Portugal Digital

Foto: Márcio Ferreira/Arq

A exoneração resulta da divulgação feita pelo INPE – instituto que monitora áreas florestais do Brasil desde a década de 1970 – de dados sobre o aumento de alertas relativos ao desmatamento na região amazônica brasileira. O presidente da República, Jair Bolsonaro, não gostou dos números – que tiveram repercussão internacional – e lançou ataques a Ricardo Galvão. Logo que os dados se tornaram públicos, Bolsonaro afirmou ter “convicção que os dados são mentirosos”.

Após a divulgação do aumento expressivo dos alertas no sistema Deter, Bolsonaro acusou o INPE, em 19 de julho, de mentir sobre os dados de desmatamento e de estar “a serviço de uma ONG” [organização não governamental]. Bolsonaro também disse, no dia 22 de julho, que os números sobre o desmatamento dificultavam as “negociações comerciais” do Brasil.

O diretor do INPE, por seu turno, em reação aos ataques feitos por Bolsonaro, criticou o presidente, dizendo que fez “acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira” e reiterou a validade científica dos dados do instituto.

Na última quinta-feira, o presidente do Brasil, no seu peculiar estilo de governar, disse: “Acho até que, aprofundando os estudos, ver se as pessoas divulgaram de má-fé esses informes para prejudicar o governo atual e desgastar a imagem do Brasil”.

A polêmica começou quando o Inpe informou que o desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 quilômetros quadrados em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Ainda na quinta-feira (1º), em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, procurou demonstrar que pelo menos 31% do total do desmatamento apurado em junho ocorreu em anos anteriores, principalmente em 2017 e 2018, mas só foram computados depois.

De acordo com o ministro, para chegar a essa conclusão, foram analisadas imagens de 56% das áreas desflorestadas em junho indicadas pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).

O Deter é usado desde 2004 para detectar o desmatamento em tempo real em áreas maiores do que 3 hectares (30 mil metros quadrados). Utilizando imagens dos satélites WFI/CBERS 4 e AWiFS/IRS, que cobrem a Amazônia a cada cinco dias, o sistema emite alertas de desmatamento que servem de apoio às ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Só em junho deste ano, foram emitidos 3.250 alertas de desmatamento.


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