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A bolha onde moram os bolsonaristas

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Que Jair Bolsonaro é um psicopata, quase não restam dúvidas. O presidente da maior nação da América do Sul tem a mente doentia e a ideia fixa na manutenção do poder. Se puder se perpetuar, tanto quanto melhor. Para todo o sempre, tomado  por uma euforia insana – com o apoio incondicional dos filhos, três dos quais em cargos políticos, dando as cartas no jogo de azar e financiando a sorte de poucos.


Que Jair Bolsonaro é um psicopata, quase não restam dúvidas. O presidente da maior nação da América do Sul tem a mente doentia e a ideia fixa na manutenção no poder. Se puder se perpetuar, tanto quanto melhor. Para todo o sempre, tomado  por uma euforia insana – com o apoio incondicional dos filhos, três dos quais em cargos políticos, dando as cartas no jogo de azar e financiando a sorte de poucos.

Embora estejamos distantes do ano eleitoral, em 2022, o presidente já está em campanha, levando com ele uma massa de fanáticos, negacionistas, que seguem seu exemplo irresponsável de conduta estúpida diante da pandemia de Covid-19, batendo na mesma tecla de que é preciso pensar nos empregos, na economia. Senhor presidente, passou da hora de sair desta letargia barata! Não haverá trabalho para mortos ou doentes. Quem está dizendo isso é a ciência, não o charlatanismo. Autoridades mundiais em saúde, não os aventureiros. Os fatos, não as fake news. O bom-senso, não a imprudência. A mídia internacional, e não apenas a brasileira.

À legião de aposentados e pensionistas; empresários montados em milhões; pessoas que gozam da prerrogativa de trabalhar em home-office ou qualquer outro grupo que tenha renda garantida, por diversos motivos, mas que não cansam de repetir o mantra de que é preciso voltar a fazer a roda da economia girar, o jeito é ser curto e grosso: todos, sem exceção, não passam de hipócritas, pois sabem que não precisam sair de suas zonas de conforto para enfrentar o perigo da exposição ao vírus. Ficarão em suas casas, enquanto a massa de trabalhadores, formais ou não, irão se aglomerar das mais variadas formas para garantir o pão, enquanto estarão em seus camarotes assistindo, alheios, ao caos que cresce além de seus muros, seus condomínios, suas estâncias de recolhimento.

Aos demais, que não se encaixam em nenhuma dessas categorias, mas ainda assim seguem achando que o isolamento social é pretexto de preguiçosos, desocupados, e portanto da esquerda que não gosta de pegar no batente, usem os neurônios, peguem o mapa mundi e o estudem com minúcia. Se informem sobre o que está acontecendo em cada pedacinho do Planeta. Olhem, especial, para os números de vítimas fatais e de contaminadas cidadãos das nações mais ricas, como Estados Unidos, Itália, França e até a Espanha (catalogada como a 17a economia no ranking mundial).

Acham que esses países estão conformados em amargar a previsão de seus PIBs em queda livre? Será que ao adotarem o isolamento como medida de proteção – ainda que tardiamente como o fez a maioria – foi uma iniciativa irracional, pautada apenas em achismos? Não, mil vezes não.

Ao contrário. Seus líderes estão curvados à ciência; à velocidade assustadora de disseminação do vírus ainda pouco conhecido; ao temor do colapso no sistema de saúde, operando com a falta de leitos, de Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), de respiradores e até de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais que trabalham na linha de frente de assistência aos doentes, como equipes de médicos e enfermeiros.

E para aqueles que, ainda assim, insistem que há, em curso, um complô do Supremo Tribunal Federal (STF), do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), dos governadores de estados, em especial o de São Paulo, João Doria, para derrubar Jair Bolsonaro, também sugiro se informar, não pela “mídia golpista”, a tão “afamada” imprensa brasileira. Acompanhem o noticiário internacional, The New York Times e The Washington Post (EUA); El Pais (Espanha);  Clarín (Argentina); Le Figaro (França), The Guardian (Reino Unido); La Repubblica (Itália)  – dica de alguns dos principais, mas há muitos outros. Será que eles também têm tanto interesse em divulgar estatísticas assustadoras? Será que criticam e condenam a atitude do presidente do Brasil porque também têm interesse em derrubá-lo? Que meios de difusão da informação são esses que conspiram, todos ao  mesmo tempo, para condenar os atos tresloucados de Bolsonaro?

Se ainda assim nenhum argumento o convenceu, segue a última e derradeira cartada: se informe sobre o que foi a Gripe Espanhola, entre 1918 e 1920, que infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial à época. Os números de mortos são imprecisos, variando de 17 a 100 milhões. Contudo, se nada exposto o fez mudar de opinião e você insiste na surrada tecla de que é só “uma gripezinha” ou “resfriado”, e que tudo não passa de um golpe para derrubar o presidente, preocupado com o emprego e a economia, sinto muito. Sua miopia tem nome. Ela se chama bolha.

A bolha em que você vive, que o impede de distinguir a realidade da ficção. A bolha hermética, que só o leva ao noticiário que você gosta de ler, ouvir ou ver.  A bolha que só enxerga conluio para derrubar uma liderança negacionista da ciência e das autoridades em saúde. A bolha que acha que o isolamento social é uma teimosia de esquerda, em especial o PT – partido, hoje, encolhido de representação junto ao Legislativo. A bolha que permanece unida para não perder o discurso unificado de que Bolsonaro é o mito que foi eleito pelo povo para acabar com a corrupção. Mantenha-se, então, na na sua bolha. E reze, mas reze muito para que, caso as medidas até então em prol da vida e o bem-estar dos brasileiros sejam relaxadas e passem a ser ditadas pelo Napoleão de Hospício, não alcancem a sua bolha, onde vive você e aqueles que lhe são caros.

A economia se recupera, se levanta, se reergue, se reconstrói, se reinventa. Para mortos, só existe uma saída, rumo ao cemitério ou crematório. Para trás, ficam os que seguem, chorando os que se foram, externando feridas que talvez nunca se cicatrizem.

A retomada da economia vai acontecer. Ela já começou a ocorrer em alguns países, como China, onde a pandemia teve início e, recentemente, na Alemanha. Por aqui, algumas das grandes cidades onde a incidência do vírus é menor, o comércio voltou a abrir, com cautela e cuidados. O que não se pode dispensar são os estudos científicos e de planejamento. É fundamental estabelecer regras responsáveis, baseadas em estratégias que ofereçam segurança à saúde como um direito de todos e não apenas para os que moram na bolha.

Rosana Tonetti, brasileira, de São Paulo, é jornalista, com MBA em Gerenciamento de Projetos. Trabalhou em jornais como Estado de S.Paulo, Correio Braziliense e revistas da Editora Abril. Participou de vários projetos de comunicação corporativa e institucional. Em Brasília, atuou nas Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom); Ministério do Trabalho e Previdência Social;  e Ministério da Educação.


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Escrito por: África 21 Digital

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