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O que falta a Bolsonaro?

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Tudo. Do conhecimento à educação. Da ética à sensibilidade. Se há indivíduo sobre o qual me incomoda escrever é Bolsonaro. No entanto, a verdade é que quando o tema é a imbecilidade humana se torna muito difícil, por dever de ofício, ignorar a persistência com que o presidente do Brasil, num exercício de perversão política, vai afundando o país.


Se o cidadão padece de alguma doença do foro psicológico ou psiquiátrico, algum tipo de psicopatia ou sociopatia, é questão para a qual não encontro resposta. Pelo menos no momento. Não tenho especialização no assunto, exceto o conhecimento ditado pelo bom senso e pelas regras primárias de ética. Por vezes, tenho até a percepção que Bolsonaro poderá ter algum tipo de tendência para a automutilação, tal a quantidade de disparates, de provocações e de óbvia falta de inteligência com que trata os assuntos públicos.

A economia brasileira tem refletido fielmente as consequências das políticas atabalhoadas e erráticas do seu governo. Que o digam os milhões de brasileiros que já engrossaram as fileiras do desemprego, desde que Bolsonaro colocou Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. Um economista que se afirma amante do neoliberalismo e que é o ministro de devoção de Bolsonaro.

Não se pense que os males da economia brasileira decorrem apenas da trágica pandemia da covid-19. A verdade é que Bolsonaro e o seu grupo se tornaram incómodos mesmo para os capitalistas que, em determinada altura, acreditaram que lhes poderiam ser úteis.

Não se trata apenas de falta de respeito pelo país, pelos seus cidadãos e das responsabilidades que vai acumulando quando o assunto é a pandemia de covid-19, que ceifou a vida, até hoje, a quase 115 mil brasileiros. Bolsonaro será, mais cedo ou mais tarde, chamado a responder perante a Justiça, e, possivelmente, não apenas por responsabilidade política, mas também por crimes contra a vida e por graves prejuízos à economia. Eventualmente, também, por negociatas que as autoridades investigam e que, aparentemente, envolvem o núcleo familiar do presidente, entre eles filhos e Michelle, a mulher. Daí o seu nervosismo. O descontrole verborrágico.

Houve quem acreditasse, nas semanas mais recentes, que o presidente teria adotado –  talvez pressionado pelos militares que o rodeiam, cientes já que embarcaram numa canoa furada -, uma postura menos agressiva, uma posição aparentemente mais contida, menos insultuosa . Ledo engano.

Na segunda-feira (24), no Palácio do Planalto, Bolsonaro soltou de novo o verbo. Desta vez para insultar e ameaçar jornalistas, o que, diga-se, não é novidade, e também para fazer propaganda à hidrocloroquina que insiste em “vender” ao Brasil como se tratando de uma droga miraculosa para a pandemia. Os médicos, os cientistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) já alertaram que não é bem assim e que as consequências negativas para a saúde podem ser bem mais graves do que os benefícios. Mesmo quando usada como antipalúdico ou malárico, em doses bem reduzidas, os derivados sintéticos do velho quinino podem deixar sequelas diversas.

Na véspera, milhões de brasileiros ficaram a saber que o seu presidente da República tinha acabado de insultar mais uma  vez os jornalistas e de ameaçar, diretamente, um jornalista da Globo. Bolsonaro afirmou que os jornalistas não passavam de uns “bundões”. E ao jornalista que, em coletiva de imprensa, o questionou sobre cheques documentados, no valor de R$ 89 mil,  que entraram na conta da sua mulher, Michelle Bolsonaro, emitidos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz, atualmente preso e suspeito de envolvimento num esquema de “rachadinha”, que teria sido conduzido por Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Perturbado pela pergunta, Bolsonaro disse que estava com vontade de “encher a boca” do jornalista de “porrada”.

Onde pensaria que estava o presidente do Brasil? Numa arena de luta-livre, numa ‘rinha’ de galos, figurante num filme “far-west” da velha Hollywood, coadjuvante de Trump, de quem é admirador confesso? Ou numa das diversas ditaduras em que os déspotas dizem o que lhes vem à boca?

Não. Não estava em nenhum desses locais. Estava no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República do Brasil. Ao presidente de uma República, a um chefe de Estado, não é exigível apenas que saiba assinar o seu nome. É necessário também que saiba se comportar e respeitar o país.


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Escrito por: África 21 Digital

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