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Restos mortais de Savimbi exumados no leste de Angola

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Uma delegação política e de especialistas convidados está no Luena, província do Moxico, no leste de Angola, para a exumação e  comprovação da autenticidade das ossadas do líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi.


África 21 Digital com Lusa


Segundo o secretário da presidência da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) para Comunicação e Imagem, Lourenço Bento, a exumação, que constitui a primeira fase do processo, vai compreender a recolha de amostras para exames de ADN.

Trata-se do primeiro passo de um processo que compreende três fases – exumação, transladação e inumação dos restos mortais de Savimbi, morto em combate contra forças governamentais a 22 de fevereiro de 2002 – que a UNITA que concluir até fins de março.

A delegação multidisciplinar integra membros da direção da UNITA, familiares de Savimbi e representantes da comissão de trabalho para a exumação do corpo do antigo líder do partido, composta também por um médico legista, um inspetor da Direção Geral de Saúde e representantes da Genética de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, além de técnicos forenses.

O secretário para Comunicação adiantou que os testes de ADN vão ser feitos em laboratórios em Angola, África do Sul e Portugal, e devem ficar prontos num período de 15 a 20 dias.

Os familiares de Jonas Savimbi pretendiam que os exames de ADN fossem feitos em laboratórios de França, mas o Governo sugeriu que fossem feitos em Angola e Portugal.

Terça-feira, o vice-presidente da UNITA, Raul Danda, indicou à agência Lusa que as cerimónias fúnebres de Savimbi deverão acontecer na primeira semana de abril, enquanto prossegue o diálogo com o Governo angolano relativamente aos procedimentos e às datas concretas de exumação e inumação dos restos mortais.

“Tudo aponta para abril, para a primeira semana de abril, para que isto ocorra”, disse o vice-presidente da UNITA.

“Vão fazer-se os procedimentos para que o corpo nos seja entregue, ao mesmo tempo que o Governo cuida das questões para assegurar que temos condições de segurança para podermos fazer a inumação em Lopitanga, no Bié, onde o resto da família repousa e onde, por vontade do Dr. Savimbi, também irá repousar”, salientou.

Relativamente às honras de Estado recusadas pelo Governo angolano, Raul Danda disse que o partido nunca as solicitou aos governos do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos ou ao atual, de João Lourenço.

O Governo garantiu no início deste mês estarem criadas as condições para a exumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, mas avisou que o funeral não terá honras de Estado, uma vez que o antigo presidente da UNITA “não pertencia à família governamental quando faleceu”.

“Consideramos que o Dr. Savimbi não cabe só na UNITA, em Angola, na região austral de África. O Dr. Savimbi cabe na África inteira e no mundo”, considerou o vice-presidente da organização política, lamentando que a recusa tenha vindo da parte do Governo, que deve primar pela reconciliação nacional e inclusão dos angolanos.

“Se calhar viria o próprio executivo, primeiro, para dizer que, em nome da reconciliação nacional, em reconhecimento que este homem, ao nível de Agostinho Neto e Holden Roberto, deu tudo para que este país fosse uma República, fosse uma pátria independente, uma nação independente. Devia ser o executivo a propor que houvesse essas honras, porque, de facto, o Dr. Savimbi merece”, disse.

Contudo, garantiu que a UNITA tem a certeza que Savimbi receberá “todas as honras que merece, dadas por milhões de angolanos e até por estrangeiros que hão de reconhecer o trabalho que fez”.

Savimbi

Jonas Savimbi, ao longo da sua vida política, teve papel controverso no processo de libertação de Angola do colonialismo português, protagonizando divergências com outras organizações nacionalistas, em particular com o MPLA, principal movimento de libertação de Angola, então liderado por Agostinho Neto.

Entendimentos com o regime fascista e colonialista português, com a China de Mao-Tsé-Tung, e com os governantes do regime de “apartheid” da África do Sul marcaram também a sua visão de alianças e de luta política.

Após a proclamação da independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, e o fracasso de acordos com o governo de Luanda, nas mãos do MPLA,  Savimbi liderou ações de luta armada contra o governo central, que se prolongariam por duas décadas de guerra civil, fomentada por interesses ligados à guerra-fria internacional e alimentada também por divisões étnicas, que estimulava.

Após a sua morte, durante uma operação militar realizada por tropas do Exército regular,  o governo presidido por José Eduardo dos Santos iniciou um processo de reconciliação nacional que levou a Unita ao abandono da luta armada e à participação na atividade parlamentar, sendo, atualmente, o maior partido de oposição ao governo presidido por João Lourenço, do MPLA


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Escrito por: África 21 Digital

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